segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Adaptações - Fidelidade: Filmes x Livros

Para começar a série de textos sobre adaptações de livros para o cinema, eu vou começar a falar sobre um ponto inicial para todas as polêmicas e sem nenhuma dúvida, o primeiro que os fãs analisam. A fidelidade à obra original. Sei que existem muitos irão discordar de mim em alguns aspectos,mas eu sou uma defensora das adaptações e alterações quando necessárias. Isso não significa que eu engulo qualquer coisa que os diretores e produtores fazem, apenas tento não julgar precipitadamente.



É incontestável que um filme será 100% fiel ao livro, pois apesar de serem parecidas, a literatura e o cinema são artes que se diferenciam em algumas características fundamentais. Enquanto a primeira é voltada para uma apresentação mais sensorial e abstrata, expondo a mensagem por meio de palavras, o segundo é mais focado na expressão da mesma por meio de imagens, sendo mais objetivo e concreto. Isso significa que a linguagem do filme tem que ser o mais direta possível, e por consequência, deixando de lado o detalhamento tornando-se algo mais superficial. Além deste ponto, nós leitores deveríamos ter em mente, que nem tudo que flui naturalmente bem na nossa cabeça, irá funcionar quando transcrita para o cinema. O que me leva crer que deveríamos ter uma maior paciência com algumas mudanças que são necessárias para que a produção funcione.

Mas infelizmente as pessoas parecem não entender questões como essa. E em quase 90% dos casos, nos deparamos com comentários do tipo: "O filme é uma droga porque aquela parte não era daquele jeito." ou "Eu não acredito que tiraram essa cena, ela era tão legal". Como eu já disse, nem tudo que imaginamos ou encontramos nos livros, é possível ser encaixado no roteiro. Seria realmente bom que fosse, mas não é. Até porque transcrever um livro inteiro, muitas vezes repleto enrolações e momentos furtivos significaria muito mais que 2 horas e meia de filme.

Não estou dizendo que os diretores e roteiristas não cometem erros, pelo contrário. Posso citar vários equívocos desastrosos e adaptações vergonhosas de pessoas que não souberam interpretar o básico da obra e fizeram alterações incoerentes ao enredo original. Por exemplo, Dezesseis Luas, que foi muito mal adaptado, perdendo elementos tão bobos quanto triviais, alterando praticamente 95% da historia dos livros de Kami e Margaret. Ao assistir aquele filme, tive a sensação de que o roteirista, o diretor e o elenco nem se prestaram ao dever de ler o livro, atendo-se apenas a algum resumo facilmente encontrado na Wikipedia.

Outra fator que é comumente julgado e condenado pelos fãs dos livros é o elenco. Sempre que saem a lista dos atores que vão interpretar nossos tão amados personagens, vemos uma serie de esculacho e descontentamentos com os atores. O problema aí já começa quando é anunciado que a história vai ganhar o seu filme, pois a partir daí criam-se expectativas quanto a quais são os rostos que darão vida àqueles que até então estavam apenas no nosso imaginário. Não digo que é errado pensar e sonhar que aquele seu ator preferido possa ser o sortudo que fará o papel, mas eu acho que falta um pouco de sensatez das pessoas que quando não veem a realização da sua projeção, procuram qualquer defeito no ator/atriz escolhido, julgando muitas vezes sem conhecimento prévio do seu trabalho. Um exemplo recente foi a escolha de Addison Timlin, escalada para interpretar Luce na adaptação de Fallen, que repercutiu negativamente em boa parte dos fãs da serie, que usaram de todos os artifícios para rebaixarem a imagem da atriz. Além das alegações de que ela não se enquadrava no perfil idealizado por muitos, houve quem se indignasse com o fato da jovem ter protagonizado cenas nuas e sensuais em um de seus trabalhos, chegando ao absurdo de chamando-a de atriz pornô. Alô! Em que mundo estamos? Onde já se viu julgarem uma atriz por causa de algumas cenas? Outro exemplo que gostaria de citar é o de Jamie Campbell Bower, ator que sofreu forte retaliação ao ser escolhido para o papel de Jace Wayland no filme Cidade dos Ossos, da saga Os Instrumentos Mortais. Os fãs alegavam que o ator era feio e não servia para o papel ao qual havia sido designado. Com os trailers e o lançamento do filme, muitos (não todos) voltaram atrás no seu julgamento e admitiram que o ator desempenhou magistralmente o seu dever, encaixando-se perfeitamente ao personagem com uma atuação muito boa. O que esses dois casos têm em comum? O simples fato do publico ter pré-idealizado certos atores para estrelarem tais papeis.

Eu poderia escrever muito outros parágrafos citando exemplos de acertos e falhas em várias adaptações, porém o texto ficaria mais extenso do que já está. Então eu quero fechar dizendo que antes de sairmos por aí amaldiçoando meio mundo por causa de algumas alterações, tenhamos um pouco de sensibilidade para reconhecermos os erros, mas também os acertos. Também não julguemos os atores por suas aparências, pois nem sempre é possível encontrar alguém que se encaixe nas descrições quase sempre perfeitas de nossos queridos autores. Mas que devemos esperar que e no filme pronto eles encorporem os personagens, salientando principalmente suas características comportamentais. E por fim, reconhecer que, como o nome mesmo diz, adaptações são adequações de uma obra a um filme. E como qualquer adequação, isso exige mudanças. Até mais!

2 comentários:

  1. Pois é, há adaptação e filme baseado em...Além do mais, os produtores podem fazer o filme dirigido a determinado público visando acima de tudo aspectos mercadológicos. Quem é exigente fica de fora. Dai, para muitos, ler o livro é mais importante do que ver simplesmente o filme.

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    1. Pois é, não adianta muito ficar só reclamando. O livro sempre vai ser melhor e sempre estará no nosso coração. Não é preciso desgostar de um pra gostar do outro.

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