quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Resenha: Cilada, de Harlan Coben



Livro: Cilada
Autor: Harlan Coben
Editora: Sextante
Ano: 2010
Páginas: 272
ISBN: 9788599296936
Sinopse: Haley McWaid tem 17 anos. É aluna exemplar, disciplinada, ama esportes e sonha entrar para uma boa faculdade. Por isso, quando certa noite ela não volta para casa e três meses transcorrem sem que se tenha nenhuma notícia dela, todos na cidade começam a imaginar o pior. O assistente social Dan Mercer recebe um estranho telefonema de uma adolescente e vai a seu encontro. Ao chegar ao local, ele é surpreendido pela equipe de um programa de televisão, que o exibe em rede nacional como pedófilo. Inocentado por falta de provas, Dan é morto logo em seguida. Na junção dessas duas histórias está Wendy Tynes, a repórter que armou a cilada para Dan e que se torna a única testemunha de seu assassinato. Wendy sempre confiou apenas nos fatos, mas seu instinto lhe diz que Mercer talvez não fosse culpado. Agora ela precisa descobrir se desmascarou um criminoso ou causou a morte de um inocente. Nas investigações da morte de Dan e do desaparecimento de Haley, verdades inimagináveis são reveladas e a fragilidade de vidas aparentemente normais é posta à prova. Todos têm algo a esconder e os segredos se interligam e se completam em um elaborado mosaico de mistérios. Harlan Coben mais uma vez deixa o leitor sem ar. Cilada fala de culpa, luto e perdão em uma trama repleta de reviravoltas surpreendentes. Nada é o que parece e tudo pode ser desfeito até a última página.

Essa resenha faz parte do Desafio 3 Meses 15 Livros


“A gente vem ao mundo e sai por aí, colidindo com os outros. E nessas colisões, às vezes alguém se machuca.”

Como venho comentando há alguns dias, tanto aqui no blog, quanto nas redes sociais, tenho me aprofundado e me apaixonado pelos romances policiais e suspenses. E era de se esperar que mais dia, menos dia um nome em especial entraria para essa lista.Há muito tempo, muito antes de entender de fato quem era Harlan Coben, eu conheci Cilada em um grupo no Facebook, e já ficara interessada pela sinopse de imediato. Nos últimos dias, alguns amigos vinham me indicando Coben cada vez mais, então resolvi unir a vontade antiga à essa indicação e desvendar os mistérios de seus livros, neste caso optei por Cilada. E foi uma experiência maravilhosa.



Wendy é uma jornalista que sempre trabalhou com fatos e que aprendeu a confiar neles, acima de qualquer coisa, inclusive sua intuição. E todos os fatos incriminavam Dan Mercer, como pedófilo. Ela tinha certeza de que estava fazendo justiça ao desmascará-lo em seu programa, ao armar uma cilada. Um ano após o escândalo vir a tona, o assistente social é inocentado por falta de provas, e ela acaba perdendo o seu emprego na emissora. No mesmo dia ela recebe uma ligação de Dan e ao atender ao chamado, sua crença inabalável começa a cair por terra quando vê o cara ser assassinado a sangue frio na sua frente pelo pai de suas vítimas. Depois de ter uma conversa com a ex de Dan, Wendy passa a ter medo de ter arruinado e causado a morte de um inocente e pela primeira vez ela resolve seguir a sua intuição e pesquisar o passado dele. A busca acaba revelando alguns casos de escândalos relacionados a ex colegas de faculdade de Dan, todos ocorridos no mesmo período e com fortes indícios de armação. Wendy, então, se vê na obrigação de solucionar suas dúvidas, mesmo que isso signifique que tenha cometido o erro que levou a morte de um homem inocente.
 “Wendy sabia que boatos acabavam tomando corpo e se equiparando a fatos, que acusações podiam equivaler a sentenças de condenação no imaginário público, que os acusados eram culpados até que se provasse o contrário.”

Paralelo a isso, três meses antes da morte de Dan, uma jovem de 16 anos desaparece misteriosamente da casa dos pais sem deixar nenhuma pista. Meses de investigação não levaram a nenhuma pista sobre o paradeiro de Haley, até que depois do assassinato de Dan, um fato novo liga os dois casos.
“Por duas ou três semanas o sumiço da Haley McWaid havia causado um grande furor na mídia. Sequestro? Fuga? O circo havia sido completo: chamadas de urgência a todo instante, boletins informativos ao apé da tela, “especialistas” convocados para reconstituir o que possivelmente teria acontecido.”

Será que Haley foi mais uma das vítimas de Dan Mercer? Será que além de pedófilo, ele pode ser um assassino? E o que isso tudo tem a ver com os escândalos envolvendo aqueles cinco colegas de quarto da Universidade de Princenton? Será que tudo isso foi uma cilada, ou um conjunto de coincidências e fatos isolados? São essas perguntas que Wendy procura responder em Cilada.

O que dizer sobre esse livro, senão que ele é sensacional? Confesso que nos primeiros capítulos fiquei um pouco desnorteada, pois embora fosse previsível que em algum momento os dois casos se cruzariam, eu ficava sem entender como aconteceria já que caminhavam em paralelos distintos. Mas quando eles se cruzaram foi impossível não ser envolvida pela trama. Acabei lendo o resto do livro em menos de 12 horas.

Colbeen é genial, pois traça cada trama e cada personagem tão bem, sem entregar os fatos de bandeja para o leitor. No começo tudo parece desconexo, mas no fim, tudo ganha sentido. Nenhum personagem é deixado de lado e todos tem seu lugar garantido no mistério.
 “Era estranho que ninguém houvesse encontrado uma resposta para isso, mas por vezes a vida era assim, inexplicável.”

E as reviravoltas? Em cada capítulo eu pensava uma coisa. A dúvida sobre a inocência de Dan encaminha todo o enredo, prendendo o leitor e fazendo-o refletir sobre cada nova pista. Era impossível ter certeza se ele era culpado ou inocente. Cada vez que eu começava a acreditar na inocência dele, surgia um fato novo, que punha em xeque qualquer certeza. E isso se arrasta até o fim. E até a última páginas, tudo pode acontecer e tudo pode mudar. Uma verdadeira montanha-russa de reviravoltas.
 “Talvez você estivesse certa quanto ao motivo. Ele escondia alguma coisa de mim. Eu sabia. Todos nós escondemos, não é? Ninguém conhece tudo sobre outra pessoa. Sei que é um grande clichê, mas a verdade é que nunca conhecemos o outro de verdade.”

Sobre os personagens, acrescento que foram construídos impecavelmente, tal qual a trama. Todos estão ligados e questões como culpa, mágoa, ódio e perdão são fantasmas que assombram a grande maioria. Não me aprofundarei nos personagens, até porque são tantos que seria muito difícil condensar nessa resenha. Mas sobre a Wendy, não gostei muito dela nos primeiros capítulos. A forma como ela conduziu o caso do Dan, sem se importar em lhe dar o benefício da dúvida me fez lembrar daqueles jornalistas sensacionalista que só se aproveitam de escândalos e tragédias. Isso muda no decorrer da história, a partir do momento em que ela começa a desconfiar que cometeu um erro e quando percebemos que ela não é uma jornalista aproveitadora. Mas o que eu não gostei mesmo nela, foi a forma impiedosa como ela tratava a mulher que causara a morte do seu marido num acidente de carro. Pra quem aparentemente começava a sentir o peso da culpa, ela era irredutível em dar um perdão.
 “Vou carregar esse peso na consciência pelo resto da vida. Não dá para apagar o que fiz."

Por fim, termino essa resenha, assim como terminei a leitura, satisfeita e sem nenhuma ressalva negativa a fazer, dizendo apenas que se você procura por uma história cheia de suspense, armadilhas, reviravoltas capazes de te surpreender até a última página e ainda fale de culpa e perdão, Cilada de Harlan Coben é a escolha certa.  






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